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Mundo das Viagens

Aqui podem ler as aventuras e desventuras das minhas viagens, dentro e fora de Portugal

25
Jan08

“It’s cold, eh?”

JoanaTorrado

Chegado a Calgary, praticamente a meio da viagem, foi o momento ideal de fazer um balanço, até porque a cidade não tem muito para ver… Mas é de longe o melhor local para começar a viagem pelas montanhas rochosas do Canadá.




Depois das províncias de Ontário e Quebec, estava agora em Alberta, famosa pelas planícies férteis e pelos cowboys. Apesar de haver diferenças entre as províncias, alguns traços são característicos e usualmente estereotipados pelos americanos. Como distinguir um canadiano de um americano? O canadiano joga hóquei, bebe demasiada cerveja e termina todas as frases com um inquisitivo “eh?”. Já os canadianos descrevem os americanos como sendo um canadiano com uma arma… É capaz de haver mais diferenças, por exemplo nos EUA as distâncias são medidas em milhas, enquanto que no Canadá são em quilómetros (felizmente para nós, adoptaram o sistema métrico!)


No dia 22 de Agosto evitei a habitual saída dos turistas de Calgary para as montanhas, apanhar a Trans-Canadian Highway (a mais longa auto-estrada do mundo, com cerca de 7.800 quilómetros) em direcção a Banff. Decidi sair em direcção a sul, na planície ao lado das montanhas, até chegar à fronteira com os EUA e ao Parque Nacional Waterton Lakes.


A entrada nestes parques é paga, não só para controlar o número de visitantes, mas também para financiar os projectos de conservação da natureza e das espécies em vias de extinção. É possível comprar passes de um dia para cada parque em que se entra ou comprar um passe de uma semana que dá acesso a todos os parques nacionais do Canadá. Optei pelo passe semanal, já que ficava mais barato, tendo em conta que tinha planeado cerca de uma semana nas montanhas.


Nessa primeira noite fiquei a dormir em Cranbrook, um motel à beira da estrada aceitável para uma noite. Acabei por ficar sempre alojado fora dos parques, já que era consideravelmente mais barato. Depois fiquei na pitoresca Radium Hot Spring, com piscinas termais no meio de um desfiladeiro à entrada do parque Kooteney. A experiência de estar na água a cerca de 40º com uma temperatura exterior a cerca de 5º é indescritível.


Seguiram-se duas noites em Canmore, a melhor alternativa a Banff, se bem que ainda um pouco caro. Banff é “a cidade” das montanhas, cheia de turistas e 100% preparada para desportos de Inverno. Não muito longe dali fica Lake Louise num cenário mágico e um hotel que mais parece saído de um conto de crianças. Em toda a parte há novos trilhos para descobrir, e por trás de cada montanha havia sempre um lago ou uma cascata que tornam as fotos em verdadeiros postais.


Apesar destes cenários de sonho, o pessoal dos parques nacionais não pára de alertar para os cuidados a ter, é que naqueles parques vivem animais selvagens e nem sempre os encontros com humanos correm da melhor maneira. Ursos, alces, veados, cabras montanhesas e milhares de aves e roedores.


Depois passei um dia inteiro a atravessar a Icefields Parkway, a auto-estrada que fica a uma altitude impressionante e onde é possível ir até aos glaciares. Já posso dizer que estive em cima de um glaciar… mais outra sensação daquelas inesquecíveis.


Os glaciares marcam a entrada no parque nacional Jasper. Mais uma vez optei por dormir fora do parque, em Hinton. Era uma vila um bocado feia e com uma fábrica pouco convidativa não muito longe dali. Tudo isto a apenas algumas dezenas de quilómetros do parque natural.


Jasper também oferece paisagens espectaculares, principalmente no caminho para Medicine Lake e Maligne Lake. Ainda deu tempo para ir até às termas de Miette e mais uma vez a experiência de estar numa piscina a 40º ao livre, quando cá fora estava cerca de 2º… só faltou mesmo cair neve.


Como prometi que não iria escrever várias páginas de cada vez, e porque provavelmente não há palavras para descrever tudo o que vi nos parques Banff, Kooteney, Yoho e Jasper, deixo aqui algumas fotos de lagos, glaciares, animais, desfiladeiros, cascatas e montanhas.


       

 

Saí dos parques e entrei na província da British Columbia em direcção a sul e a Vancouver. A viagem foi longa e a meio fiquei a dormir em Kamloops. Daí foram ainda mais 350km até que ao fim de meio-dia estava no Days Inn em Vancouver.

No início falei dos 2 guias que comprei para planear a viagem. Na verdade comprei mais um que é mais um resumo das melhores experiências no Canadá, chamado Canada: 25 Ultimate Experiences. Inclui várias experiências, algumas delas difíceis de concretizar, pelo que se torna menos prático, mas tinha uma dica excelente: andar de bicicleta no Stanley Park em Vancouver.

A cerca de 4 quarteirões do parque há uma loja de aluguer de bicicletas que aluga os equipamentos à hora. Inicialmente pensei que iria dar uma voltinha e cerca de uma hora depois devolveria a bicicleta para continuar a ver a cidade. Pois… ao fim de quatro horas lá voltei à loja e foi porque já não faltava muito para fecharem. A cidade é simplesmente o local ideal para viver!



Custa um bocado traduzir para palavras o que vi e que interpretei como excelente qualidade de vida, mas aqui vai. O centro da cidade fica numa península, sendo que no final dessa península fica o tal parque, com vegetação densa, árvores gigantescas, lagos escondidos e onde deixamos de ouvir o ruído da cidade. Mas esse mesmo parque está totalmente preparado para receber as pessoas, com trilhos para bicicletas, patins e skates, trilhos para caminhar e uma praia na parte mais ocidental.


Foi possível andar de bicicleta mesmo fora do parque já que a cidade está preparada para tal sempre ao longo da margem da península. Por todo lado havia pessoas na rua a praticar desporto, a ler ou ao estudar sobre a relva, a passear os animais, a brincar com as crianças, tudo isto sempre à beira mar. Vai ser ainda mais difícil mostrar o que quero dizer, já que tirei muito poucas fotos, é que estava completamente abazurdido (será que existe?!...) a ver tudo.


No dia seguinte à experiência das bicicletas estava completamente de rastos, é que conduzir durante vários dias não é propriamente desporto… Ainda assim, percorri uma boa parte do centro da cidade e cada avenida tem uma vida própria, como se cada uma delas fosse uma cidade diferente. Há uma com galerias e artistas, outra para os escritórios de grandes empresas, outra é maioritariamente residencial em grandes condomínios de luxo, outra tem apenas casas de 2 ou 3 pisos e muito comércio e restaurantes, enfim, é só escolher.


A parte antiga da cidade chama-se Gastown, o nome vem do facto de inicialmente a cidade ser iluminada a gás. Tem ainda algumas curiosidades como um relógio a vapor. Outro facto distintivo de Vancouver é o Skytrain, uma espécie de metro que circula por cima da ruas da cidade.


Fui ainda a norte de Vancouver visitar um mercado em Londsdale Quay, de onde se tem uma vista panorâmica da cidade, e passar na Capilano Bridge, a ponte suspensa mais longa do mundo (daquelas de corda com piso em madeira e que abanam muito mesmo…).

Para o penúltimo dia tinha planeado ir a Victoria, a cidade capital de província da British Columbia. Fica na ilha de Vancouver e há ferries de hora a hora. Mas os ferries estão sempre cheios e convém chegar com uma a duas horas de antecedência para garantir que se parte à hora que se planeia. Mas há sempre trânsito para lá e o porto fica na fronteira com os EUA e não em Vancouver. Mas na volta há que chegar com antecedência para apanhar o barco. Mas chegado à ilha de Vancouver o porto fica a quase 70km da cidade de Vitória…


Resumindo, pelas minhas contas demoraria cerca de 9 horas só em viagens de ida e volta para fazer num só dia. Não me parece… fui de hidroavião! Tinha visto no dia das bicicletas aviões a aterrar na água mesmo ao lado do parque, fui lá perguntar quanto custava e quanto tempo demorava. Era o triplo do preço, mas demorava cerca de 25 minutos, e bastava aparecer com 15 minutos de antecedência, já que havia aviões de meia em meia hora. Mais uma experiência espectacular!




Victoria é uma cidade relativamente pequena e tipicamente britânica. Mas o mais marcante do dia acabou mesmo por ser o baptismo de voo em hidroavião. No último dia houve tempo para ir à estância de ski mais famosa do Canadá, Whistler. São cerca de 100km a atravessar montanhas para norte. Whistler é exactamente aquilo que anuncia, uma estância de luxo, mas sem muito para fazer quando as pistas estão fechadas e não há neve.

No dia 1 de Setembro parti de Vancouver para Toronto e daí via Paris para Lisboa. Cheguei no dia 2 de Setembro e a primeira coisa que fiz foi dormir algumas horas. Sempre que comento que fui ao Canadá, perguntam-me sempre se gostei… Sabem o que fiz ainda no dia 2 quando acordei? Liguei-me à net e pesquisei informação sobre os requisitos para emigrar para o Canadá, sobre ofertas de emprego, sobre apartamentos para alugar ou vender… “There’s your answer, eh?”

António Teixeira

23
Jan08

"Une poutine, s’il vous plait…"

JoanaTorrado
Afinal ao entrar no Quebec o GPS continua a falar inglês, o que também não ajudou muito, porque imaginem um americano a ler qualquer coisa em francês e ficam com uma ideia de como eram “interpretados” os nomes das povoações por onde passava. Ao fim de alguns quilómetros na auto-estrada que separa Ottawa de Montreal (cerca de 200Km no total), todas as rádios passam músicas em francês, comentadores em francês, anúncios em francês, concursos em francês… Céline Dion sempre a gritar os seus maiores êxitos… em francês.

Montreal fica numa ilha com o mesmo nome no rio São Lourenço e à primeira vista parece ser uma mistura de Paris com Nova Iorque. É a maior cidade do Quebec, a segunda maior cidade do Canadá a seguir a Toronto e a segunda maior cidade francófona do mundo a seguir a Paris. Tem várias universidades anglófonas e francófonas, é das cidades mais seguras da América do Norte e tem uma vida cultural intensa. Como nem tudo poderia ser positivo, é habitual passarem 5 a 6 meses por ano com temperaturas abaixo de zero. E mesmo no verão, posso dizer-vos que às 9 da manhã a bela da camisola era imprescindível.

Ao chegar a Montreal não tinha alojamento reservado, pelo que simplesmente parei o carro no centro da cidade e dirigi-me aos 3 hotéis que conseguia distinguir naquela rua. Como os preços não eram nada convidativos estava prestes a sair dali e procurar um motel nos arredores quando reparei num prédio que anunciava ter quartos para alugar. Última tentativa… Tratava-se de uma residência universitária que durante o Verão aluga alguns quartos aproveitando a ausência dos milhares de estudantes da cidade. Fiquei no 12º andar, num quarto tão espaçoso que mais parecia um apartamento e com uma vista espectacular sobre a cidade.



Uma das coisas que mais gostei em Montreal foi a mistura pacífica de edifícios novos com casas e igrejas antigas. Muitas vezes noutros locais, parece que o novo vai engolir qualquer construção que tenha um pouco de história. Em Montreal pareceu-me que no conjunto fazia sentido.
Tal como em Paris, em Montreal também existe uma Notre-Dame, bem no centro da cidade. Não é tão grande como a homónima europeia, mas a decoração interior é simplesmente genial!



Nas ruas mais antigas há muito movimento, principalmente de turistas. No entanto, há pequenos pormenores que não deixaram de me surpreender.



Do roteiro turístico também faz parte a cidade olímpica. Montreal acolheu os Jogos Olímpicos de 1976. A construção era bastante futurista para a época, baseada nas estruturas que encontramos na natureza, e o estádio olímpico foi o primeiro a ter uma cobertura. No entanto, a construção ficou muito mais cara do que o inicialmente previsto, ficando a cobertura do estádio permanente em vez de ser retráctil e a torre do estádio ficou pronta apenas após os Jogos Olímpicos.

Curiosidades sobre os Jogos Olímpicos de 1976: foram os mais caros de sempre, 28 países africanos boicotaram estes jogos, Taiwan foi impedido de participar e são os jogos de Nadia Comaneci (a tal jovem ginasta romena de 14 anos que obteve a pontuação máxima por sete vezes!).



Mesmo em frente a Montreal existe uma outra ilha mais pequena onde em 1967 teve lugar a Exposição Mundial. Actualmente ainda existem alguns vestígios da exposição (como o pavilhão da França transformado em casino…), mas a maior parte da ilha é ocupada por jardins e um parque de diversões altamente recomendável para quem é roller-coaster freak (como eu), chamado La Ronde (http://www.laronde.com/)
Saí de Montreal, depois de ter comido Poutine (batatas fritas com queijo e ketchup, ou com outras variações de molhos) a quase todas as refeições, em direcção à cidade do Quebec. Mais uma vez sem alojamento pré-definido, a ver o que a sorte ditaria, entrei na primeira rua do centro histórico e literalmente bati à porta das três primeiras casas que vi. Note-se que não tenho hábito de bater à porta da casa das outras pessoas, pelo menos desde os meus 12 anos, e que no caso a rua deveria ser totalmente composta por B&B, pensões, hotéis, pousadas e afins. À terceira tentativa, consegui um preço razoável numa casa que parecia saída de um filme, com um proprietário que falava 50% inglês e 50% francês e um quarto no último andar com lareira.



A cidade do Quebec é muito pequena, principalmente quando comparada com Montreal. O centro fica dentro de uma muralha,
numa localização privilegiada na margem do rio São Lourenço, e é património mundial da UNESCO.
Uma boa descrição para o centro histórico da cidade do Quebec poderia ser Dineyland para adultos. A beleza dos prédios antigos, as flores por toda a cidade, a limpeza das ruas, a animação de rua de dia e de noite, a paisagem idílica sobre o rio…

   

A dominar a cidade antiga está o Château Frontenac, um hotel histórico fantástico construído no final do século XIX para a companhia de comboios do Canadá.



Para norte da cidade começam as montanhas. Fui ainda até Baie-Sainte-Paul, que fica numa baía (daí o nome…) e a partir de onde pode apanhar-se um barco para ver e acompanhar as baleias no mar entre o Canadá e a Gronelânia.



Infelizmente já não tinha tempo para essa experiência, já que o voo para Calgary estava marcado para o dia seguinte (21 de Agosto) e tinha pela frente ainda muitos quilómetros de estrada pelas montanhas rochosas do Canadá. Para compensar, fui até ao Tim Horton’s mais próximo e perdi-me nas dezenas de opções de muffins, scones e bagels…

(continua…)

António Teixeira

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