23
Jan08
"Une poutine, s’il vous plait…"
JoanaTorrado
Afinal ao entrar no Quebec o GPS continua a falar inglês, o que também não ajudou muito, porque imaginem um americano a ler qualquer coisa em francês e ficam com uma ideia de como eram “interpretados” os nomes das povoações por onde passava. Ao fim de alguns quilómetros na auto-estrada que separa Ottawa de Montreal (cerca de 200Km no total), todas as rádios passam músicas em francês, comentadores em francês, anúncios em francês, concursos em francês… Céline Dion sempre a gritar os seus maiores êxitos… em francês.
Montreal fica numa ilha com o mesmo nome no rio São Lourenço e à primeira vista parece ser uma mistura de Paris com Nova Iorque. É a maior cidade do Quebec, a segunda maior cidade do Canadá a seguir a Toronto e a segunda maior cidade francófona do mundo a seguir a Paris. Tem várias universidades anglófonas e francófonas, é das cidades mais seguras da América do Norte e tem uma vida cultural intensa. Como nem tudo poderia ser positivo, é habitual passarem 5 a 6 meses por ano com temperaturas abaixo de zero. E mesmo no verão, posso dizer-vos que às 9 da manhã a bela da camisola era imprescindível.
Ao chegar a Montreal não tinha alojamento reservado, pelo que simplesmente parei o carro no centro da cidade e dirigi-me aos 3 hotéis que conseguia distinguir naquela rua. Como os preços não eram nada convidativos estava prestes a sair dali e procurar um motel nos arredores quando reparei num prédio que anunciava ter quartos para alugar. Última tentativa… Tratava-se de uma residência universitária que durante o Verão aluga alguns quartos aproveitando a ausência dos milhares de estudantes da cidade. Fiquei no 12º andar, num quarto tão espaçoso que mais parecia um apartamento e com uma vista espectacular sobre a cidade.
Uma das coisas que mais gostei em Montreal foi a mistura pacífica de edifícios novos com casas e igrejas antigas. Muitas vezes noutros locais, parece que o novo vai engolir qualquer construção que tenha um pouco de história. Em Montreal pareceu-me que no conjunto fazia sentido.
Tal como em Paris, em Montreal também existe uma Notre-Dame, bem no centro da cidade. Não é tão grande como a homónima europeia, mas a decoração interior é simplesmente genial!
Nas ruas mais antigas há muito movimento, principalmente de turistas. No entanto, há pequenos pormenores que não deixaram de me surpreender.
Do roteiro turístico também faz parte a cidade olímpica. Montreal acolheu os Jogos Olímpicos de 1976. A construção era bastante futurista para a época, baseada nas estruturas que encontramos na natureza, e o estádio olímpico foi o primeiro a ter uma cobertura. No entanto, a construção ficou muito mais cara do que o inicialmente previsto, ficando a cobertura do estádio permanente em vez de ser retráctil e a torre do estádio ficou pronta apenas após os Jogos Olímpicos.
Curiosidades sobre os Jogos Olímpicos de 1976: foram os mais caros de sempre, 28 países africanos boicotaram estes jogos, Taiwan foi impedido de participar e são os jogos de Nadia Comaneci (a tal jovem ginasta romena de 14 anos que obteve a pontuação máxima por sete vezes!).
Mesmo em frente a Montreal existe uma outra ilha mais pequena onde em 1967 teve lugar a Exposição Mundial. Actualmente ainda existem alguns vestígios da exposição (como o pavilhão da França transformado em casino…), mas a maior parte da ilha é ocupada por jardins e um parque de diversões altamente recomendável para quem é roller-coaster freak (como eu), chamado La Ronde (http://www.laronde.com/)
Saí de Montreal, depois de ter comido Poutine (batatas fritas com queijo e ketchup, ou com outras variações de molhos) a quase todas as refeições, em direcção à cidade do Quebec. Mais uma vez sem alojamento pré-definido, a ver o que a sorte ditaria, entrei na primeira rua do centro histórico e literalmente bati à porta das três primeiras casas que vi. Note-se que não tenho hábito de bater à porta da casa das outras pessoas, pelo menos desde os meus 12 anos, e que no caso a rua deveria ser totalmente composta por B&B, pensões, hotéis, pousadas e afins. À terceira tentativa, consegui um preço razoável numa casa que parecia saída de um filme, com um proprietário que falava 50% inglês e 50% francês e um quarto no último andar com lareira.
A cidade do Quebec é muito pequena, principalmente quando comparada com Montreal. O centro fica dentro de uma muralha,
numa localização privilegiada na margem do rio São Lourenço, e é património mundial da UNESCO.
Uma boa descrição para o centro histórico da cidade do Quebec poderia ser Dineyland para adultos. A beleza dos prédios antigos, as flores por toda a cidade, a limpeza das ruas, a animação de rua de dia e de noite, a paisagem idílica sobre o rio…
A dominar a cidade antiga está o Château Frontenac, um hotel histórico fantástico construído no final do século XIX para a companhia de comboios do Canadá.
Para norte da cidade começam as montanhas. Fui ainda até Baie-Sainte-Paul, que fica numa baía (daí o nome…) e a partir de onde pode apanhar-se um barco para ver e acompanhar as baleias no mar entre o Canadá e a Gronelânia.
Infelizmente já não tinha tempo para essa experiência, já que o voo para Calgary estava marcado para o dia seguinte (21 de Agosto) e tinha pela frente ainda muitos quilómetros de estrada pelas montanhas rochosas do Canadá. Para compensar, fui até ao Tim Horton’s mais próximo e perdi-me nas dezenas de opções de muffins, scones e bagels…
(continua…)
António Teixeira
Montreal fica numa ilha com o mesmo nome no rio São Lourenço e à primeira vista parece ser uma mistura de Paris com Nova Iorque. É a maior cidade do Quebec, a segunda maior cidade do Canadá a seguir a Toronto e a segunda maior cidade francófona do mundo a seguir a Paris. Tem várias universidades anglófonas e francófonas, é das cidades mais seguras da América do Norte e tem uma vida cultural intensa. Como nem tudo poderia ser positivo, é habitual passarem 5 a 6 meses por ano com temperaturas abaixo de zero. E mesmo no verão, posso dizer-vos que às 9 da manhã a bela da camisola era imprescindível.
Ao chegar a Montreal não tinha alojamento reservado, pelo que simplesmente parei o carro no centro da cidade e dirigi-me aos 3 hotéis que conseguia distinguir naquela rua. Como os preços não eram nada convidativos estava prestes a sair dali e procurar um motel nos arredores quando reparei num prédio que anunciava ter quartos para alugar. Última tentativa… Tratava-se de uma residência universitária que durante o Verão aluga alguns quartos aproveitando a ausência dos milhares de estudantes da cidade. Fiquei no 12º andar, num quarto tão espaçoso que mais parecia um apartamento e com uma vista espectacular sobre a cidade.
Uma das coisas que mais gostei em Montreal foi a mistura pacífica de edifícios novos com casas e igrejas antigas. Muitas vezes noutros locais, parece que o novo vai engolir qualquer construção que tenha um pouco de história. Em Montreal pareceu-me que no conjunto fazia sentido.
Tal como em Paris, em Montreal também existe uma Notre-Dame, bem no centro da cidade. Não é tão grande como a homónima europeia, mas a decoração interior é simplesmente genial!
Nas ruas mais antigas há muito movimento, principalmente de turistas. No entanto, há pequenos pormenores que não deixaram de me surpreender.
Do roteiro turístico também faz parte a cidade olímpica. Montreal acolheu os Jogos Olímpicos de 1976. A construção era bastante futurista para a época, baseada nas estruturas que encontramos na natureza, e o estádio olímpico foi o primeiro a ter uma cobertura. No entanto, a construção ficou muito mais cara do que o inicialmente previsto, ficando a cobertura do estádio permanente em vez de ser retráctil e a torre do estádio ficou pronta apenas após os Jogos Olímpicos.
Curiosidades sobre os Jogos Olímpicos de 1976: foram os mais caros de sempre, 28 países africanos boicotaram estes jogos, Taiwan foi impedido de participar e são os jogos de Nadia Comaneci (a tal jovem ginasta romena de 14 anos que obteve a pontuação máxima por sete vezes!).
Mesmo em frente a Montreal existe uma outra ilha mais pequena onde em 1967 teve lugar a Exposição Mundial. Actualmente ainda existem alguns vestígios da exposição (como o pavilhão da França transformado em casino…), mas a maior parte da ilha é ocupada por jardins e um parque de diversões altamente recomendável para quem é roller-coaster freak (como eu), chamado La Ronde (http://www.laronde.com/)
Saí de Montreal, depois de ter comido Poutine (batatas fritas com queijo e ketchup, ou com outras variações de molhos) a quase todas as refeições, em direcção à cidade do Quebec. Mais uma vez sem alojamento pré-definido, a ver o que a sorte ditaria, entrei na primeira rua do centro histórico e literalmente bati à porta das três primeiras casas que vi. Note-se que não tenho hábito de bater à porta da casa das outras pessoas, pelo menos desde os meus 12 anos, e que no caso a rua deveria ser totalmente composta por B&B, pensões, hotéis, pousadas e afins. À terceira tentativa, consegui um preço razoável numa casa que parecia saída de um filme, com um proprietário que falava 50% inglês e 50% francês e um quarto no último andar com lareira.
A cidade do Quebec é muito pequena, principalmente quando comparada com Montreal. O centro fica dentro de uma muralha,
numa localização privilegiada na margem do rio São Lourenço, e é património mundial da UNESCO.
Uma boa descrição para o centro histórico da cidade do Quebec poderia ser Dineyland para adultos. A beleza dos prédios antigos, as flores por toda a cidade, a limpeza das ruas, a animação de rua de dia e de noite, a paisagem idílica sobre o rio…
A dominar a cidade antiga está o Château Frontenac, um hotel histórico fantástico construído no final do século XIX para a companhia de comboios do Canadá.
Para norte da cidade começam as montanhas. Fui ainda até Baie-Sainte-Paul, que fica numa baía (daí o nome…) e a partir de onde pode apanhar-se um barco para ver e acompanhar as baleias no mar entre o Canadá e a Gronelânia.
Infelizmente já não tinha tempo para essa experiência, já que o voo para Calgary estava marcado para o dia seguinte (21 de Agosto) e tinha pela frente ainda muitos quilómetros de estrada pelas montanhas rochosas do Canadá. Para compensar, fui até ao Tim Horton’s mais próximo e perdi-me nas dezenas de opções de muffins, scones e bagels…
(continua…)
António Teixeira